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3º Encontro do Clube: Heródoto

Atualizado: 31 de mar.


Encontro Clube Heureka Heródoto

Leitura e debate de um excerto das Histórias de Heródoto, no qual três persas discutem, após o regicídio, qual a melhor forma de governo – uma cena de debate político num contexto imperial com argumentos a favor da monarquia, oligarquia e isonomia (igualdade perante a lei).


Local

Departamento de Estudos Clássicos

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Alameda da Universidade

1600-214 Lisboa, Portugal




Já aconteceu!

Vantagens e inconvenientes de cada um dos sistemas levaram a uma reflexão sobre conceitos como phthonos, que palavras como rivalidade, inveja, cobiça podem traduzir; ou hybris, que é arrogância, o excesso, a vaidade, o desejo de emular a divindade; stasis, que é a discórdia, a luta, a guerra civil.


Encontro Clube Heureka Heródoto

Comentário de João Domingues Pereira:


"O debate constitucional (Ht. 3.80-2), tema do Terceiro Encontro Heureka – Clube de leitura, é uma breve discussão, de inspiração sofística, destinada a uma plateia ateniense com grande interesse por debates intelectuais desta natureza.

São apresentados três regimes: (1) o governo de indivíduo único (monarquia), (2) o governo de poucos (oligarquia) e (3) o governo de muitos (democracia, isonomia no texto).

Faltando-lhe uma posição autoral explicitamente manifestada, Heródoto deixa transparecer uma intenção subjetiva no tratamento da questão.

Por outras palavras, o historiador sugere que dado regime pode ser preferível a outro em dado contexto cultural (como qualquer bom sofista defenderia).

Assim se compreende que os Persas se decidam pela monarquia, mesmo sabendo nós que Heródoto apoia a democracia alhures.

O texto é, por isso, um bom ponto de partida para discussão mais profunda sobre os méritos (ou deméritos) das democracias liberais, muito popular nos tempos que correm, especialmente junto dos mais jovens.

De particular interesse é o confronto com as posições epistocrática (talvez próxima da oligarquia de Heródoto) e democrata iliberal (talvez próxima da monarquia de Heródoto).

Pessoalmente, eu sou mais suscetível à posição epistocrática.

Investigações académicas têm vindo a revelar o quão insignificante a razão é no exercício do poder político da maior parte dos eleitores, cujas opiniões são regularmente definidas em conformidade com a sua identificação social, religiosa, etc., sem que o debate racional tenha grande impacto.

Faço minhas as palavras de Megabizo: 'Como é que poderia, aliás, saber agir quem nunca foi ensinado, nem viu nada de bom em sua posse e faz precipitar as situações, caindo nelas sem qualquer ponderação, tal qual um rio de caudal engrossado pelas chuvas do inverno?' (tradução portuguesa de Silva, M. F., & Abranches, C. (2007). Heródoto, Livro III. Lisboa. Edições 70. p. 132)."


Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
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