Inspirada em ecos de Sófocles e Eurípides, esta criação transporta antigas memórias para um cenário que poderia ser o nosso. O poder veste-se de formalidade e retórica, manipula o passado e transforma a verdade em ruído. O que aconteceu é abafado por narrativas convenientes, enquanto a dor se converte em mercadoria.
No centro, Electra não ergue a voz. O silêncio torna-se o seu refúgio e a sua arma: um luto íntimo que recusa tanto a justiça encenada como a promessa de vingança. Orestes, regressado do exílio, acredita poder restaurar a ordem pela espada. Mas será possível recuperar o que já se perdeu?
O Silêncio de Electra devolve questões intemporais — sobre poder, memória, resistência e justiça — a um presente reconhecível, onde o que não se diz pode pesar mais do que qualquer grito.
