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Kínēma: Il Pistolero Dell'Ave Maria (Oresteia de Ésquilo)


Ciclo Kínēma: Heureka - Nucivo

Damos início ao nosso ciclo Kínēma: Clássicos em Movimento com uma viagem singular à tragédia grega reinterpretada pelo western italiano.


🗓️ Data: 12 de maio

📍 Local: Anfiteatro III da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

🎬 Filme: Il Pistolero dell’Ave Maria (1969), de Ferdinando Baldi

📚 Obra clássica de referência: Oresteia de Ésquilo


Haverá uma breve introdução à obra e ao filme, seguida da projeção e de um debate com o público.


A entrada é gratuita.


Il Pistolero dell’Ave Maria (1969) de Ferdinando Baldi

Il Pistolero dell’Ave Maria (1969), realizado por Ferdinando Baldi, é um spaghetti western no qual o drama da Oresteia de Ésquilo é transposto para o México Pós-Imperial. O filme conta com a participação de Peter Martell, Leonard Mann, Luciana Paluzzi, Alberto de Mendoza e Pilar Velázquez nos papéis principais.


Esta longa-metragem começa com um reencontro aparentemente casual entre Sebastian Carrasco (Leonard Mann) e o seu velho amigo Rafael (Peter Martell), que vem desvendar um passado há muito sepultado: o ignominioso assassinato do pai de Sebastian, o general Juan Carrasco (José Suárez), às mãos da sua esposa Ana (Luciana Paluzzi) e do amante desta, Tomás (Alberto de Mendoza), aquando do regresso triunfal do general à cidade de Oaxaca, após a Segunda Guerra Franco-Mexicana. Determinados a vingar a morte do general Carrasco, os dois companheiros partem em busca dos culpados, dispostos a ajustar contas com eles.


Il Pistolero dell’Ave Maria está longe de ser um dos grandes símbolos do Cinema Western, mas não deixa de ser um filme singular dentro do género, por misturar o rigor fatalista da tragédia clássica com a estética e a linguagem crua do Western italiano. A Oresteia exerceu, de facto, uma profunda influência sobre o seu enredo: à semelhança de Orestes, Sebastian é uma figura marcada pelo dever de vingar o pai; à semelhança de Electra, Isabella é impiedosa perante a sua mãe. Nenhum dos dois irmãos é movido por ódio puro, mas sim por uma exigência de justiça enraizada num código moral quase sagrado, que lhes é imposto pelo legado familiar e pela memória. O passado volta assim a interferir com o presente, como na tragédia antiga, em que a culpa e a violência herdadas se revelam inescapáveis. Rafael, companheiro do herói, representa o laço fraterno e cúmplice – um Pílades mexicano – que reconduz Sebastian ao destino a que tentou escapar. Da mesma forma que os filhos espelham as personagens esquilianas, Ana reencena Clitemnestra: são ambas mulheres ambiciosas, responsáveis pelo caos que atinge o seio familiar.


José Maurício

José Maurício apresentará a obra Oresteia de Ésquilo.


É investigador do Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa e mestrando em Estudos Clássicos. Interessa-se por tragédia ateniense, em particular pela dramaturgia esquiliana. Como dissertação de mestrado está a preparar uma tradução anotada dos Sete Contra Tebas de Ésquilo, precedida de estudo literário.



Já aconteceu!

Inaugurámos Kínēma: Clássicos em Movimento no dia 12 de maio, com a exibição de Il Pistolero dell’Ave Maria (1969), de Ferdinando Baldi — um spaghetti western livremente inspirado na Oresteia de Ésquilo.


José Alexandre Maurício, um dos responsáveis do Clube, abriu a sessão com uma apresentação sucinta da tragédia esquiliana, preparando o terreno para a comparação com o filme. Na introdução, contou com o apoio de João, organizador do ciclo, que apresentou o contexto cinematográfico da obra.


A sessão terminou com uma viva e estimulante discussão.

João destacou o contraste entre as mortes de Clitemnestra e Egisto na tragédia e as de Ana e Tomás no filme, sublinhando o que se perde (ou se transforma) na adaptação.

Cristóvão Roussado, outro dos nossos membros, traçou uma comparação inesperada e provocadora entre o coro trágico e as cenas de tiroteio — sugerindo que, em ambos os casos, há uma função quase coreográfica de tensão e comentário.



Veja aqui mais informações sobre:

🔗 O filme Medea (1969) de Pier Paolo Pasolini, inspirado na Medeia de Eurípides.

🔗 O filme A Funny Thing Happened on the Way to the Forum (1963) de Richard Lester, inspirado nas Comédias de Plauto.

🔗 O filme Jason and the Argonauts (1963) de Don Chaffey, inspirado na Argonáutica de Apolónio de Rodes.

Centro de Estudos Clássicos da Universidade de Lisboa
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